sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Por Paulo Mendes Campos

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.


Texto extraído do livro "O amor acaba".


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Besame, besame mucho.

Uma história

F.t.m se deteve a abrir todas as  gavetas das suas lembranças. Era um dia de intensa chuva.  Seu apartamento era o único lugar que que se sentia segura. Quando descia as escadas uma por uma, pensava três, quatro vezes se desistiria de por os pés lá fora. Quem poderia encontrar? Fortes sentimentos era o seu medo. Medo de descascar a pele e ouvir algo que não poderia nunca responder. Não com palavras, mais com toques, beijos e sede, muita sede. Era o que H.d.s faria se a encontrasse. Não por ter calculado, ou que ele quisesse destruí-la. Mas seu amor era apaixonado, daqueles como num sonho em que essa tal sede é fresa e infinita. Vê-la seria fatal, diferente, sem palavras decoradas, seria um impulso do seu intenso sentimento por ela. Era assim, desde jovens. Um abraço dos dois era o tempo que parava para olhá-los e sentí-los com calma. H.d.s pensava se cada momento que vivera com F.t.m havia valido tanto depois de alguns caos. Ele sabia que jamais seria dela. Pois dentro do seu corpo ela já morava. Sem fantasias, sem erros, sem pressa, sem culpas, sem as cobranças casuais. Para quê estragar algo tão perfeito? Faltava coragem dos dois? Faltava mais amor? Faltava crescer? Que mudança é essa se não podemos voar? F.t.m mudou e mal sabe ela que  H.d.s também. Mas que indiferença é essa que os afasta.  H.d.s sabe que a solução está no afeto, no perdão. E lembrou da música que entre tantas que juntos escutaram. "Quando você deixou de me amar, aprendi a perdoar e a pedir perdão". Não se pode mudar é o fato de amar. Ele sabia qe ela estaria sempre ali, a sua espera. E quem disse que  H.d.s e Fat.m eram perfeitos? Para o inferno  H.d.s voltou e agora trata de colher as flores tristes do jardim de F.t.m, e regando uma a uma ele espera o retorno. Onde não existes letras, não existe passado e nem o futuro que idealizavam. Mas o presente que voltarão a viver juntos. Sem impedimentos. A vontade de  H.d.s era fugir com F.t.m e viajar para tantos lugares que sempre sonhara em mostrar para ela. E assim... Ela se completaria a ele. Os dois caminhando juntos... Os olhares doces que sempre tiveram um com o outro. A força de um beijo que transcendia a música. A certeza de que um dia se amaram verdadeiramente e que voltarão um dia. Ele não sabe o que ela tanto faz em sua mente. O que tanto deseja dela. Ele não sabe o que ela sente, nunca soube... talvez isso fora a sua falta de coragem....



 (qualquer semelhança é mera coincidência)

domingo, 14 de novembro de 2010

Desejo.



 Song: Rebeka del Rio: Forever...   dancing with me.

----> (aqui) Um desejo... Uma força que venha de dança, voz sussurrada e gestos sinceros. Baby!

Eu não morri. Não me mataram ainda.

Nada surpreendente. Nada do que já esperasse. Uma esperança pode machucar muito. A frieza é o mal do mundo. Não pedi nada. Na verdade não queria nada. Eu fui ver, só ver...

Grande ignorância a minha. "No ay banda! Silêncio... No ay banda... silêncio..."

Sei lá... ver se existia um pouco de compaixão. Mas isso é inútil para os que se apagam diante da indiferença.

Eu não morri. Não me mataram ainda. 


GAME OVER

Música, canções e amor para mim.

http://www.youtube.com/watch?v=O4X4mUlRCeQ&feature=related

- Llorando -

SEMPRE HÁ UMA LUZ EM MEIO A ESCURIDÃO

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"Quem escuta com o espírito e não com o ouvido, percebe os sons mais sutis".